segunda-feira, 30 de março de 2009

Campanha Cheque pré


Campanhas de cheque pré foram muito fortes na época da inflação. Eu, em Recife, com inflação em torno de 10% ao mês, tinha o “Cheque Tartaruga”. Funcionava assim: saía na TV com uma simpática tartaruguinha bocejando anunciando, em VT de 15 segundos, que no dia seguinte vigoraria o cheque tartaruga, e que durante dois ou três dias (dependia da época do mês, e das vendas) você poderia comprar com cheque pré para pagar somente dia 5 (o cheque saía lá pelo dia 20, valia para Segunda e Terça feira, portanto dava ao cliente prazo de aproximadamente 15 dias). Era um estrondoso sucesso de vendas. O cliente podia adiantar suas compras (por 15 dias) e pagar o mesmo preço de a vista.
Hoje, já vi ofertas de cheque pré por até 90 dias, no rotativo. E que não dão resultados significativos de volume de vendas, apenas prendem os clientes que por não poderem sair desta roda viva, se submetem descontentes à política da loja.
Mas, porque um cheque com 15 dias ou menos de prazo dava tão certo?
Inflação, provavelmente a resposta imediata. Acredito que a inflação possa ser um fator, importante, mas não decisivo. A falta de dinheiro na ultima dezena do mês era o fator mais importante. E continua sendo.
Outros fatores contribuíam para o sucesso. O cliente podia comprar a prazo pelos mesmos preços praticados, com a mesma política de preços, e com a mesma política de ofertas regulares. Nada de “tirar o pé” dos preços, compensar margens, parar com as ofertas. O cliente aprendeu a reconhecer a vantagem que tinha, a confiar na loja e na mensagem. A campanha era suportada pela figura simpática da Tartaruga, um acerto feliz da agencia de propaganda (as crianças adoravam, recebíamos cartas delas querendo contato com a tartaruguinha que bocejava). Todo o mês ela era aguardada.
O Che que pré (por 30 ou mais dias corridos, no rotativo), quando usado como política de meio de pagamento, deixa de ser campanha e vira paisagem, apenas onerando os custos e atrapalhando o fluxo de caixa.
Que ele é mais barato que o cartão de crédito, sem dúvida, mas atinge públicos diferentes. Usado como forma de “amarrar” clientes, gera descontentamento e infidelidade, pois, na primeira oportunidade, o cliente troca de loja, se apenas o cheque pré for percebido como vantagem.
Temos de prender o cliente pelo valor que entregamos aos mesmos, ao nosso publico alvo.
Cheque pré é um serviço? Não deixa de ser, mas se o seu cliente gosta da sua loja, gosta da sua linha de produtos, dos seus serviços, dos seus preços, da sua organização, ele esperará o período do seu cheque pré. Se, mudar a política pouco a pouco, mudar este paradigma, acredito que o cheque pré pode deixar de ser opção de meio de pagamento para ser campanha de valor, e ajudar a distribuir as vendas do mês, com melhor administração e controle, menor custo.
O que aconteceu com o Cheque Tartaruga? Foi para o rotativo até ser desativado.
Quem sabe apenas aguardando alguém chamá-lo de volta.

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